A cada quatro anos o mundo acompanha atento o processo de eleição dos Estados Unidos. O país, considerado a maior potência econômica mundial, não afeta os outros países apenas a partir dos impactos da moeda, mas também com suas políticas públicas.
A partir do perfil dos candidatos, – conservadores, ou não – é possível relacionar mandatos anteriores com as pretensões de cada um e apontar o quê, afinal, nós brasileiros temos a ver com as eleições nos EUA. Veja os quatro principais pontos que são, sim, da nossa conta:
1. Aquecimento global
Tem pré-candidato “lavando as mãos” sobre o aquecimento global, e isso tem intensificado a polêmica desde 2015. É que estudos estimam que se a temperatura média mundial subir mais do que 2 graus Celsius até 2100, teremos consequências que fogem do equilíbrio da vida no planeta. A redução das emissões de gases poluentes, essencial para o controle da temperatura, foi o objetivo em destaque da COP-21, principal conferência mundial sobre mudanças climáticas, realizada em 2015. O cumprimento da meta de redução prometida pelos Estados Unidos, o segundo maior poluidor mundial, é essencial e está nas mãos dos próximos presidentes.
Na ocasião, o governo Barack Obama prometeu reduzir emissões entre 26% e 28% até 2025. Para o instituto World Resources, o governo foi considerado o “primeiro a atacar o problema”. Enquanto isso, nas disputas eleitorais, os pré-candidatos do Partido Republicano, Donald Trump, Marco Rubio e Ted Cruz, são unânimes em defender que as mudanças climáticas não são responsabilidade do ser humano. Já aqueles do Partido Democrata, Bernie Sanders e Hillary Clinton, já sinalizaram tentar cumprir a meta.
2. Desarmamento
Desarmamento é tema polêmico tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Ambos discutem possíveis mudanças na legislação, mas ainda sem um desfecho concreto. Nos discursos proferidos nas audiências públicas no Congresso Nacional no Brasil, é notável o peso das estatísticas e mudanças na lei americana como argumentos sobre o comércio de armas brasileiro. Nos próximos anos, se os EUA repensarem a política de armas de lá, pode influenciar quem pensa a política por aqui.
Desde 2015, o Congresso Nacional discute revogar o Estatuto do Desarmamento, que restringiu o acesso a armas no Brasil desde 2003, ampliando o acesso a arma. Ao mesmo tempo, a presidência dos Estados Unidos anunciou plano de restrição de armas após registrar aumento de chacinas no país.
Os pré-candidatos do Partido Republicano são declaradamente contra a restrição de armas, já aqueles do Partido Democrata estão divididos,. Hillary Clinton defende o controle do acesso, já Bernie Sanders é contra expressivas mudanças na lei.
3. Política de imigrantes
Imigrantes ilegais incomodam o governo americano, seja qual for o partido. Entretanto, recentes declarações de Donald Trump, um dos pré-candidatos favoritos para representar os republicanos nos Estados Unidos, tem causado questionamentos se futuras políticas de imigrantes poderiam afetar apenas quem está no país de forma irregular.
Em entrevista a rede CBS, Trump citou o Brasil entre os países que “roubam” os postos de trabalho dentro dos EUA. A declaração foi dada em meio a críticas do pré-candidato ao “poder” institucional atual dos Estados Unidos, dizendo que o país não é mais forte devido a “abusos” de outros países, como Índia, China e Japão.
Conforme dados do governo do Brasil, até 2015 aproximadamente 1,2 milhão de brasileiros moravam nos Estados Unidos, sendo 730 mil ilegalmente. De forma indireta, políticas de visto, deportação e cidadania americana podem ficar mais rigorosos.
4. Comércio internacional
Segundo o governo brasileiro, os Estados Unidos é o segundo principal parceiro comercial do país. Entre os anos de 2005 e 2014, as transações comerciais entre os países cresceram de US$ 35,2 bilhões para US$ 62 bilhões. Até o final de 2014, os EUA representavam 13,66% das participações no comércio exterior do Brasil.
Ainda segundo governo brasileiro, o presidente Barack Obama reconhecia a importância da facilitação do comércio. Foi no mandado de Obama que o Brasil fechou uma negociação que durou mais de 15 anos, que trata da autorização de exportação de carne brasileira para o país.